CNY/USD: Yuan cai para a mínima de um ano com crescimento fraco e preocupações com tarifas dos EUA pesando

O yuan caiu para seu nível mais fraco desde novembro de 2023, com negociações onshore e offshore registrando declínios.

Isso ocorre apesar do banco central da China, o Banco Popular da China (PBOC), tentar reforçar o sentimento ao definir uma taxa de referência diária mais forte do que o esperado na terça-feira.

Os traders continuam pouco convencidos, já que as preocupações com a desaceleração do crescimento econômico e as possíveis tarifas dos EUA sob o governo de Donald Trump continuam pesando sobre a moeda.

As medidas de estímulo da China não inspiram

A China implementou uma série de medidas de estímulo para revitalizar sua economia, mas a confiança dos investidores continua baixa.

A queda do mercado residencial do país e o fraco desempenho industrial aumentaram o pessimismo.

O declínio do yuan é ainda mais agravado pela valorização do dólar americano, impulsionado pelo otimismo quanto às perspectivas econômicas americanas.

Christopher Wong, estrategista do Oversea-Chinese Banking Corp., resumiu o sentimento do mercado em um relatório da Bloomberg:

O yuan continua lento em meio às expectativas de mais cortes de taxas em casa, enquanto a recuperação econômica continua desigual. Tarifas dos EUA podem prejudicar ainda mais a moeda.

As tensões comerciais aumentam

A pressão sobre o yuan se intensificou devido à escalada das tensões comerciais.

Os EUA anunciaram novas restrições ao acesso da China a componentes-chave para chips e inteligência artificial no início desta semana.

Para aumentar a tensão, Trump reiterou no fim de semana sua ameaça de impor tarifas de 100% à China e outros países, reacendendo os temores de uma guerra comercial.

Analistas temem que as possíveis políticas de Trump, que devem entrar em vigor em janeiro de 2025, possam enfraquecer ainda mais o yuan.

“O mercado teme incertezas em torno das potenciais tarifas de Trump, que podem entrar em vigor já em janeiro”, disse Wee Khoon Chong, estrategista do BNY Mellon, no relatório.

Diferencial de taxas de juros aumenta

A crescente diferença nas taxas de juros da China em relação aos EUA também está pesando sobre o yuan.

O rendimento dos títulos chineses de 10 anos caiu para uma baixa recorde na segunda-feira, mais de dois pontos percentuais abaixo do equivalente nos EUA.

Esse diferencial torna os ativos americanos de maior rendimento mais atraentes para os investidores, pressionando ainda mais o yuan.

O yuan onshore foi negociado com seu maior desconto em relação à fixação do PBOC desde julho, destacando o sentimento de baixa do mercado.

Analistas do BNP Paribas SA, UBS AG e Societe Generale SA preveem que o yuan pode enfraquecer além de sua mínima recorde de 7,3510 em relação ao dólar em 2025.

A intervenção do Estado abranda o deslizamento

À medida que o yuan onshore se aproximava da marca de 7,30 em relação ao dólar, os bancos estatais chineses intervieram, vendendo dólares para limitar novas perdas.

O Banco Popular da China definiu a taxa de referência diária do yuan em 7,1996, reforçando seu compromisso de gerenciar as pressões de depreciação.

Khoon Goh, chefe de Pesquisa da Ásia no ANZ Bank, destacou a importância do nível de referência de 7,20.

“Qualquer fixação mais alta desencadearia uma compra mais imediata de dólares”, disse Goh.

Ele também enfatizou que o PBOC tem diversas ferramentas à disposição para estabilizar a moeda, se necessário.

As dificuldades do yuan repercutiram nos mercados de ações chineses.

O índice CSI 300 caiu 0,6% durante as negociações de terça-feira, enquanto o índice Hang Seng China Enterprises caiu até 1,1% antes de se recuperar.

Olhando para o futuro, analistas esperam volatilidade contínua no yuan, enquanto os traders avaliam as respostas políticas da China em relação às pressões econômicas externas.

Com o governo Trump prestes a impor tarifas novamente, a perspectiva para o yuan continua cheia de incertezas.